AREIAS DO TEMPO (2019 - 2020)
Projeto que nasceu sob a forma de umadissertação de Mestrado em Artes Visuais na UNICAMP/SP. Em 2020 teve prosseguimento, através de costuras, fotografias e imagens sobrepostas. Além disso, durante a pandemia desdobrou-se em um Fotofilme chamado Areias do Tempo.
Em Areias do Tempo, parto de fotografias digitais fotografadas por mim, das figueiras centenárias do Laranjal, no sul do Brasil, lugar de onde nasci e cresci. Esse encontro com as figueiras fez vir à tona memórias relacionadas as pessoas que perdi ao longo de minha vida. Afetada por essas memórias, crio outros diálogos com a fotografia, por meio do contato com a materialidade e experimentações com o processo histórico de fotografia do século XIX, chamado cianótipo, fazendo emergir novas imagens visuais.
Começo assim, a experimentar com pedaços de imagens capturadas de figueiras diversas, para montar um outro “corpo-árvore-figueira”, onde as marcas e as fissuras de todo o processo estão ali, inscritas na superfície da imagem. Uma figueira de memórias intemporais.
Camadas vistas como movimentos, erros, desacertos, ressignificando a imagem a cada interferência nela; pode-se dizer que o tempo e a duração em Areias do tempo se dilatam na produção e construção das imagens que passa entre pixels, afetos, químicos, e gestos. O tempo alongado proporcionado pela artesania de impressão da cianotipia abre-se à constante impermanência da matéria. Areias do tempo não para de mudar, atualizar-se, nos diferentes tempos e movimentos. Ao costurar uma imagem sobre uma outra que já estava feita, cada imagem vai sendo marcada pela outra, toda experiência com a matéria é mostrada, constituindo o percurso do ato de criação, o registro da história da imagem.